Desde que me tornei mãe de um bebê que existe fora da barriga tenho
feito um exercício, que não sei se todo mundo faz. Tento, o tempo todo,
me colocar no lugar do Benjamin, sem julgamentos ou grandes fantasias.
Como será que é ser bebê? Como é enxergar o mundo pelo teto (ou pelo
céu, num lugar aberto) o tempo todo? Afinal de contas, ficar deitado o tempo todo deve ser um saco. Como é depender de alguém para se movimentar ou, simplesmente, olhar ao redor por outro ângulo?
Qual a sensação que os objetos mais corriqueiros nos trazem quando colocados a boca? O que os sons nos transmitem quando estamos apenas atentos à eles, soltos de compreender significados? Qual a reação que a pele tem quando tocada por uma mão demasiadamente fria? Quando estamos com calor e nossos pés estão cobertos ou estamos muito agasalhados, como nos sentimos?
Essas reflexões têm feito com que eu consiga me colocar um pouco mais no lugar do meu pequeno e, por conseguinte, respeitar um pouco mais o tempo dele e o jeito dele para se relacionar com as coisas e com o mundo. Imagine que você está num novo trabalho e, de repente, seu chefe exige de você que os resultados sejam superados diariamente, que você seja obrigado a ter, de um dia para o outro uma super habilidade para fazer contas, ou analisar cases. Seria difícil, não? Você ficaria estressado, não ficaria?
Pois bem, a vida de um bebê é assim. Todo dia é um desafio novo, uma descoberta. Todo dia tem um limite superado. Todo dia é difícil. Imagina se você for pressionado a dar resultados rápido, fica bem mais complicado, não? E é por isso que esse meu exercício de me colocar no lugar dele me faz mais complacente, mais terna, menos rígida, menos exigente com ele. A infância é difícil, embora não seja fácil entender isso. Ser bebê é ter um monte de limitações, que se abrem em mil possibilidades, mas nem por isso a vida a gente tira de letra, né não? Então porque não tornar tudo mais leve e despretensioso? Porque não deixar as coisas rolarem com menos, ou nenhuma, ansiedade? E que os aprendizados que os pequenos nos trazem sejam cada dia melhor aproveitados para o nosso dia-a-dia.
Ai, Thais... Há tempos penso que a habilidade de nos colocarmos no lugar do outro é das tarefas mais difíceis da vida, mas também uma das que mais nos torna humanos. Ao olhar ao nosso redor (e para nós mesmos) pelos olhos do outro, compreendemos um pouco melhor qual o nosso real lugar no mundo e nas relações. E... ficar craque nesse exercício é mais um dos presentes que nossos rebentos nos dão, não?
ResponderExcluirBeijo!
Giu