quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Reflexões e a certeza de que tudo vai passar

Há dias venho pensando nisso que vou escrever. Não sei se é por estar perto do aniversário do Benjamin e eu estar fazendo uma retrospectiva desse intenso primeiro ano de nossas vidas, ou se é pela proximidade de muitas amigas queridas grávidas, pra parir e recém paridas, mas não consigo parar de pensar sobre os primeiros dias do Benja aqui em casa.

Confesso que nunca achei que ter um filho fosse fácil, mas também, nem nos meus piores pesadelos, imaginei que fosse ser tão difícil. Talvez fossem os hormônios (ou a falta deles) nos primeiros dias, somado ao medo de não saber o que fazer com aquela pequena criatura. Talvez fosse falta da minha mãe. Talvez seja assim pra todo mundo, mas ninguém conta - dessas coisas segredos das mulheres. Talvez o medo de admitir as sensações ruins fosse tão grande e a culpa tão imensa que tudo ficava mais dolorido. No fim, acho que era tudo isso junto.

Mas fato é que eu odiei os primeiros dias do Benjamin aqui em casa. Embora, estranhamente eu tenha saudades. Para mim foram dias muito, muito ruins e difíceis. Tá certo que tivemos algumas dificuldades que já contei aqui e aqui que deixaram tudo mais complicado. Mas o fato é que mesmo sentindo um amor e uma admiração absurda pelo pequeno, aquela coisa toda de não dormir, não saber o que fazer com uma nova pessoa em casa, não conhecer os sinais do que ele precisava me deixaram desesperada, cansada, triste, de bode.

Parecia que tudo era um grande tormento, como se muitas ondas de um gigantesco tsunami não parassem de me atingir. Praticamente a cada duas horas. No meio disso as pessoas perguntavam freneticamente como ele se comportava, se estava tudo bem, se dava pra passar em casa na hora x ou y e também não cansavam de palpitar sobre as razões do choro ou sobre se estava quente demais ou frio demais pro pequeno. Sei lá. Era muita informação. Era muita novidade. Eram muito poucas as certezas. Era tudo demais, tudo pesado.

Em alguns momentos achei que aquele sentimento ruim não acabaria. Numa tarde de desespero recebi de uma amiga querida, mãe há um pouco mais de tempo do que eu, um bilhete: "Não se preocupe. É difícil mesmo, mas não se esqueça que vai passar". E desde então, sempre que me vejo numa situação ruim ou difícil, penso que "vai passar" e tento conduzir as coisas com mais leveza.

Me lembro que ir ao pediatra era uma alegria. Uma das poucas oportunidades de sair de casa nos primeiros dias. Lembro que tudo dava medo: medo de sair de carro com o bebê, medo dele não engordar, medo dele desmamar, medo do choro, medo de ele não dormir, medo de eu não dormir, medo do peito doer na hora de amamentar, medo de não acertar se o que ele tinha era fome, calor, frio, dor de barriga,.  Me lembro também de ter medo de ficar sozinha com o Benjamin e não saber o que fazer com ele. Acho que por isso ele ficou tantos meses dormindo em cima de mim mamando - era quase como querer colocá-lo de novo na barriga. No dia que o marido voltou a trabalhar e a faxineira não veio eu tinha até medo de não conseguir lavar as mamadeiras e colocá-las para esterilizar.

A verdade é que eu me sentia um bicho. Uma onça assustada, sem saber o que fazer direito, querendo fugir e, ao mesmo tempo, desejando proteger a cria. Uma maluquice.

Mas nem tudo é tormento. Fato é que com o passar dos dias as coisas foram passando, ficando mais leves. Até as dificuldades, como a APLV foram sendo mais  simples de lidar. As ondas de tsunami ainda estavam lá, mas vinham com menor frequência me afogar. E fui vivendo os dias, um de cada vez, como tem que ser.

Hoje, quase 12 meses depois daqueles primeiros e difíceis dias tenho saudades do meu bebezinho petitico nos braços, mas ao mesmo tempo me apaixono cada dia mais pela pessoinha que Benjamin é. É uma delícia vê-lo crescer, se tornar mais autônomo a cada dia, comer, brincar, arrastar-se, engatinhar, rir, falar. Tudo me deixa saudades. Tudo é mágico. Hoje, a hora de fazê-lo dormir me deixa feliz em saber que mesmo ele já sendo grandão, continua a ser meu bebezinho, pequenino.

Hoje começo a entender que ser mãe é enfrentar o maior tsunami que nunca se ouviu falar e sobreviver a ele. E entendo também que o que somos antes de sermos mães é completamente apagado de nossas vidas por um tempo, para que possamos nos construir como seres maternais. Não dá pra se entregar a maternidade sem se esquecer por um tempo, sem sofrer, sem temer, sem achar que nunca mais "Seremos nós mesmas e teremos nossa vida de volta". Cada mulher tem seu próprio tempo de se esquecer, para, depois, voltar a lembrar de si e construir um novo eu, um eu mais forte, mais completo, mais mulher e mais mãe.

E acho eu que toda mãe, assim como eu, tem saudades. Saudades dos dias bons e dos ruins ao lado da cria. Saudades de coisas que fez e de outras que deixou de fazer com os filhos. Umas sentem falta, como eu, de terem sido mais leves. Outras, acredito eu, devem se ressentir de não terem curtido tanto, inclusive as dificuldades.

Por isso, nos dias atuais, sempre que posso digo às amigas: curtam tudo, até as tristezas. Peçam ajuda. Lembrem-se de que tudo que é bom e também tudo que é ruim, vai passar. Entreguem-se a aventura de virar mãe. Sigam seus corações mais do que a qualquer regra ou palpite. Fotografem e filmem seus bebês. Observem cada detalhe. Percebam cada nova sensação em você e nessas pequenas e mágicas criaturas. Sejam leves sempre que puderem e se em alguns dias tudo pesar, deixe que assim seja e derrame as lágrimas que quiser. Tudo é importante e lindo, mesmo se difícil.

Imagem extraída de:http://missflorinda.blogspot.com.br/2012/07/tudo-vai-passar.html


6 comentários:

  1. Oi querida, ainda sou tentante e não sei exatamente como é passar por isso, mas tenho ctz que tbm será algo pelo qual em breve vou passar se Deus quiser... e imagino que seja mesmo assim com todas nós... os medos fazem parte da nossa vida o tempo todo, pq seria diferente neste momento, né? Bjo!

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  2. Ah, quanta identificação. Talvez seja assim com todo mundo, talvez o fato de nós não estarmos com nossas mães ao lado tenha pesado um tiquinho a mais. Mas concordo, até do ruim a gente sente falta. E lembra que um dia você me disse que só podia ser louca quem quisesse ter outro filho? É sobre essa saudade e sobre o esquecimento (ou minimização) das coisas ruins que eu te falei na época. Tudo passa e logo a gente é picada pelo bichinho do RN de novo, rsrs eu já fui, rsrs estou só pensando como e quando rs. bjs querida!

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  3. Janaína, Cada segundo vale a pena, mesmo quando é difícil! Deus sabe a hora certa de cada coisa na nossa vida!
    Beijocas

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  4. Naquela época, Dê, eu achei que o mundo ia acabar. hahahah Na verdade, tive quase certeza disso. Hoje entendo que passa. Acho que a sensação de nene novo, com mais maturidade, deve ser uma delicia, mas confesso que acho que as crianças quanto maiores, mais bacanas!

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  5. Thais, é incrível como nossas experiências são parecidas. Sim, eu também tive todas essas sensações nas primeiras semanas da Olivia. Lembro de um dia em especial em que meu marido voltou do trabalho, a nenê dormia (finalmente), e eu coloquei a cabeça no ombro dele e comecei a chorar dizendo "eu acho que eu não vou conseguir!" Porque é exatamente isso: aprender a lidar com toda uma nova vida, um novo ser que está sob sua responsabilidade. É o que em inglês eles chamam de "overwhelming". Mas o desespero passa e tudo vai ficando melhor (não necessariamente mais fácil). E sim, tudo vale pena. E o Benjamim está cada dia mais fofo, parabéns!

    Bjs, Mary

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  6. Olá. Quando li seu texto chorei, lavei minha alma... Tenho um bebê de cinco meses e me senti exatamente assim, no começo. Senti tanta falta da minha mãe ( que faleceu há 15 anos), pensava que se ela estivesse aqui as coisas seriam mais fáceis. Chorei muito, quis sumir do mapa, mas graças a Deus passou e agora as alegrias são muito maiores do que as dificuldades. Obrigada pelo texto!!

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