Quem escreve essas palavras é uma puérpera de 7 dias. Ouso, sem pretensões, me comparar ao meu recém-nascido Benjamin. Nascemos ele, para o mundo em que vivemos e eu para um que eu não sabia que existia.
Depois de 40 semanas e 5 dias esperando por esse amado bebê, no dia 28 de fevereiro ele resolveu dar o ar de sua graça. Foi numa terça-feira, às 4h37 que ele nasceu via cesariana após algumas horas
de trabalho de parto e pouquíssima dilatação. E aí começaram a desabar os tijolinhos do meu mundo.
Eu, que antes mesmo de pensar em ser mãe sempre me interessei por esse universo da maternidade e por tudo aquilo que o cerca, me preparei durante toda a gestação para um parto normal. Troquei de obstetra duas vezes durante a gravidez até me convencer que o médico que me acompanharia entendia e respeitaria a minha decisão de tentar um PN até o limite do que fosse saudável para mim e para o bebê.
Depois de 40 semanas de dúvidas, mais de 6 horas com contrações no hospital, 1,5 dedo de dilatação, uma bolsa rota e mecônio no líquido aminiótico decidi encarar a cesárea. Era o dia do Benjamin nascer, fosse por via alta ou baixa e o que eu mais esperei durante toda a gravidez, a chance de pari-lo no tempo dele, aconteceu. Obviamente que não consegui pensar tudo isso na hora. Na hora eu tinha dois pensamentos: “meu deus, como sou fraca, não aguento mais essas dores” e “tudo bem, se isso é o melhor pra ele e pra mim, que assim seja, façamos o que tem que ser feito, doutor”. Era só isso que eu pensava. Não tinha poesia, não tinha vontade de ver o rosto do bebe, não tinha nada disso. Eu só pensava que aquilo precisava acabar e acabar bem para então a vida prosseguir.
Ele nasceu, como disse, numa cesárea rápida e praticamente indolor (inclusive no pós-parto) e mamou, como um bezerro por 20 minutos logo que foi colocado em cima do meu peito com os médicos ainda “terminando o serviço”. Nessa hora pensei: “fiz bem. Estamos bem. Era isso mesmo. Ele está aqui e está bem”. É claro que até colocarem ele no meu peito, o que deve ter demorado uns 20 minutos, eu virei um bicho. Ouvia o bebe chorar, enquanto pesavam e mediam eu não entendia porque raios ele ainda não tinha vindo pra mim. Nessa hora, comecei a virar um leão, que só se tranquilizou a hora em que pode, finalmente, lamber a cria.
Os três dias de internação após a cesárea custaram a passar. Se eu soubesse como é um inferno ficar no hospital e ouvir a cada entrada de enfermeira no quarto uma bobagem do tipo “seu bebê é bravo”, “seu bebê é chorão”, “seu bebê é lindo”, “seu bebê não gosta de xpto” eu teria, certamente, preferido parir na pracinha. Ora, começa aí então uma série de bobagens que as mães estão sujeitas a ouvir desde o primeiro momento em que seu filho nasce. Quem, meu Deus, pode dizer que um ser humano é isso ou aquilo quando ele não tem nem 72 horas de vida? Um bebê quando nasce apenas é. Apenas está. Não se pode criar juízo de valor sobre uma criaturinha dessas. Não se pode dizer que um bebe de três dias está mal acostumado a algo. Isso não existe.
E as bobagens sobre eles só aumentam. Haja paciência pra não explodir com os comentários... saco!!
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