Desde que o Benjamin nasceu eu organizei minha vida para estar, a maior parte do tempo perto dele. Mesmo tendo voltado a trabalhar quando ele tinha 2 meses, tinha uma pessoa que me ajudava durante meio período do dia para que eu pudesse fazer as coisas do meu trabalho a tarde, em home office. Depois a babá foi embora e ele começou a ir para a escola - também em meio período - e nos dias mais apertados de trabalho deixava ele alguns períodos mais longos por lá.
Mas o fato é que nessa semana, pela primeira vez nesses 1 ano e 7 meses precisei deixa-lo a semana toda em período integral na escola porque a demanda de trabalho está muito intensa - o que obviamente, por um lado, é ótimo, mas por outro, me corta o coração.
Já na segunda-feira, durante o café da manhã, expliquei à ele que tinha acontecido uma coisa muito legal. A mamãe tinha conseguido três trabalhos novos, estava muito contente e precisava da ajuda do Benjamin para trabalhar e por isso, por esses dias, ele iria para a escola por um período maior porque a mamãe precisava escrever bastante. Ele entendeu, disse que ia brincar na escola com os amiguinhos e ficou por isso mesmo.
Aí hoje cedo, na preparação para o banho, eu pergunto, como faço todos os dias, bem animada: "Quem quer ir para escola???" e esperando a resposta que ele dá, todos os dias bem animado e com a mão em riste fiquei esperando um "Eu também, Benjamin!", mas a resposta foi "Benjamin quer ficar em casa com a mamãe". Morri.
Expliquei à ele de novo que a mamãe ia trabalhar hoje e que ele ia pra escola brincar com os amiguinhos e que no fim do dia íamos fazer algo bem legal. E que amanhã, se tudo fosse como o esperado passaríamos mais tempo juntos.
Levei ele para escola, entreguei ele para a professora que ele tanto gosta, e ele foi participar da aula de leitura como um príncipe. Saí da escola, sentei no carro e chorei. Por mim, por ele e por pensar na coragem de tantas mães que fazem isso diariamente porque precisam deixar seus filhotes em casa aos 4 meses, quando termina a licença maternidade. Chorei de saudade do Benjamin. Chorei porque tive o privilégio de poder escolher sair desse sistema capitalista nojento e trabalhar de um jeito diferente, graças ao apoio do meu marido. Chorei sei lá porque, porque mães choram mesmo, de alegria, de tristeza, de culpa, de saudade, mesmo quando tudo isso é só uma bobeira momentânea, né?